sexta-feira, 3 de abril de 2009


O Papa na camisinha
Na parte de fora da embalagem, uma foto do papa Bento XVI com a inscrição: "Eu disse não!". Dentro dela, uma camisinha. Essa foi a forma irônica que os franceses encontraram para protestar contra a política conservadora do Vaticano em relação ao sexo. Na Itália, pesquisa do jornal La Repubblica constatou que 52% dos entrevistados desaprovam a posição contrária do papa à camisinha como método mais eficaz de prevenção da Aids. (REVISTA ISTOÉ)

Aids: a camisinha, a vacina e o Papa
As recentes declarações do Papa Bento XVI, em sua visita a países da África, terras onde a Aids prolifera, no meio da ignorância, da miséria e da falta de senso humanitário dos países privilegiados pela cultura, pela educação e pela civilização, inspiraram-me no que lhes pergunto e vocês refletirão:
1) Já se fez, com seriedade, um levantamento válido entre números de aidéticos que usam e não usam a camisinha?;
2) Até onde o critério da advertência "quem vê cara não vê Aids!", não tem um alto sentido mercadológico para vender milhões de camisinhas - olha que lucro!!! -, sem preservar o critério humano, ético, cultural e social que permite a homens e mulheres escolher parceiras e parceiros pelo amor, pela simpatia, pela confiança no trato, sem, apenas se usarem como objeto de prazer físico, de luxúria e friamente "garantido" pela camisinha?;
3) Quem me responde que os poros das camisinhas impedem - de fato!!! - a passagem do HIV, visto que este é centenas de vezes menor que o espermatozóide? Não sei de nenhuma tecnologia que "prove" que as camisinhas contra Aids são especialmente feitas com pertuitos de minimíssimos poros capazes de "segurar" o HIV - coisa tão inimaginável quanto alguém dizer que já descobriram, como os antibióticos, os desejados antiviróticos;
4) Todos sabemos que a desejadíssima e imunizante vacina contra a Aids é possível, como foi salvadora a da pólio, mas não entendemos porque "demora" tanto e não exista um pesquisador com o caráter humanista e civilizatório de um Albert Sabin: será que o lucro bucaneiro dos fabricantes de camisinhas e caríssimos "remédios" - que só postergam e aniquilam os aidéticos com outros males!!! - "impedem" que a ansiada vacina seja logo obtida?;
5) Como médico e farmacologista, eu acredito tanto na ciência, no que ela tem provado e descoberto, que lhes afirmo que desconfio mais da culpa e da força ambiciosa e argentária daqueles que lucram com a Aids presente do que na vitória do ideal de sinceros cientistas e pesquisadores humanistas cuja alegria será tornarem a Aids definitivamente ausente do futuro da humanidade;
6) Quanto ao Papa, creio que, desta vez, a ciência pura e a fé sincera nos destinos maiores dos seres humanos - pelo lucro, jamais!!! - poderão estar juntas contra os eternos vendedores do templo que usam a medicina, a ciência e a razão em função do único deus que amam e veneram: o vil metal.
Que a invectiva atitude papal não seja deturpada pelos midas que controlam as bolsas - hoje falidas - e traga, também, a pior falência que poderá atingir o homem: a falência moral e de caráter, que transforma o mundo numa imensa Sodoma moderna, dizimada, sem necessitar da fantasia de Camus, por essa peste avassaladora: a temida e mortal Aids - também lucrativíssima para certos diabólicos seres "humanos". (O GLOBO)

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